domingo, 31 de maio de 2009

Sindrome de Burnout na docência


Trabalhar não deve ser sacrifício ou sofrimento. Trabalhar é aceitar responsabilidades e, também, deixar espaço, para autocrítica por fracassos. O prazer vem de sentimentos de sucesso, de valorização moral, de cumprimento das responsabilidades (FONSECA, 2001p.21).
Dejours (1992), ao fazer referência sobre a relação trabalho-saúde, defende que o trabalho não é neutro em relação à saúde, pois contribui para o adoecimento dos trabalhadores.

No princípio do século XX, a profissão docente exerce-se a partir de um conjunto de normas e de valores, nesta fase há uma crença generalizada nas potencialidades da escola e na sua expansão ao conjunto da sociedade. O progresso atinge a escola e a instrução. É a época de glória do modelo escolar e também o período de ouro da profissão docente (NÓVOA, 1995).

Segundo Oliveira (id.ibid.), percebe-se que a partir de 1990, houve a tentativa de uma nova orientação para as reformas educacionais e os países em desenvolvimento deveriam se voltar para uma educação com o compromisso de uma equidade social. Assim, os países começaram a pensar em estratégias de elevação do nível de atendimento às populações, sem, contudo, aumentar na mesma proporção os investimentos.
A década de 1990 inaugura, então, um novo momento na educação brasileira - a realidade da globalização, passando a ser um imperativo dos sistemas escolares, formar seus alunos para a empregabilidade.

Esteve (1995), define mal-estar docente, os efeitos negativos que afetam a personalidade do professor como resultado das condições psicológicas e sociais em que exerce a profissão de docente, devido às mudanças sociais aceleradas.

Segundo Esteve (id.ibid.,p.99-108), são doze os fatores que resumem as mudanças recentes na área da educação e que vêm trazendo desconforto e mal estar docente, são elas:

  • aumento das exigências em relação ao professor;
  • inibição educativa de outros agentes de socialização;
  • desenvolvimento de fontes de informação alternativas à escola;
  • ruptura do consenso social sobre a educação;
  • aumento das contradições no exercício da docência;
  • mudanças de expectativas em relação ao sistema educativo;
  • modificação do apoio da sociedade ao sistema educativo;
  • menor valorização social do professor;
  • mudanças dos conteúdos curriculares;
  • escassez de recursos materiais e deficientes condições de trabalho;
  • mudanças nas relações professor-aluno;
  • fragmentação do trabalho do professor.

Diante disto, Mariano e Muniz (2006), afirmam que a dinâmica escolar ultimamente tem afetado diretamente a execução docente, proporcionando tensões em sua prática cotidiana. Este quadro se torna mais agravante quando acoplado a outras dificuldades, como por exemplo, indisciplina e dificuldades de aprendizagem e empecilhos para a efetivação da prática docente como por exemplo, os escassos recursos materiais. O somatório de tudo isso, favorece e contribui para o processo de sofrimento dos professores.


A síndrome de Burnout é um conceito que surgiu no campo do estresse ocupacional e que recentemente tem chamado a atenção por parte dos pesquisadores. Antes de mais nada, cabe aqui, conceituar o estresse ocupacional para que se possa entender esta nova síndrome que ameaça o ser humano no tocante à sua saúde.

Assim temos:

Estresse ocupacional pode ser entendido como as situações em que a pessoa percebe o seu ambiente de trabalho como ameaçador às suas necessidades de realização profissional e pessoal, e/ou à sua saúde física e mental, prejudicando a interação desta com o trabalho e com o ambiente de trabalho, à medida que esse ambiente contém demandas excessivas a ela, ou que não contém recursos adequados para enfrentar tais situações (FRANÇA, 1999, p. 31).

A diferença entre burnout e estresse percebe-se então da seguinte forma: segundo Codo (2002), o primeiro envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários dos seus serviços e do seu trabalho em si sendo então uma experiência subjetiva; o outro não envolve tais atitudes e condutas, é um esgotamento pessoal com interferência na vida do indivíduo e não necessariamente na sua relação com o trabalho.
Pesquisas demonstram que o burnout ocorre em profissionais altamente motivados, que reagem ao estresse ocupacional trabalhando ainda mais até que entram em colapso (CODO, 2002).

A qualidade de vida no trabalho no tocante à saúde, não depende somente de uma parte, mas sim do professor, da instituição, da sociedade e de políticas públicas, simultaneamente.

Contribuir para a melhoria das condições de trabalho diminui o sofrimento dos trabalhadores. Assim, enfatizar a promoção dos valores humanos como estratégia preventiva da síndrome de burnout é o começo, para que o mundo do trabalho possa se instituir num espaço de prazer, além do de subsistência de vida.


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